quarta-feira, 2 de julho de 2008

Reação à doença e à hospitalização

A hospitalização é uma situação que ocorre em qualquer idade e por diversas razões.

Apesar de denotar sentimentos negativos, constitui-se num apoio social de referência ao qual se pode recorrer frente a uma situação de doença que afeta a integridade do indivíduo.

A situação de internação representa um desafio à capacidade de adaptação provocando respostas diferentes em cada pessoa, de acordo com muitos fatores, entre eles:

· experiência anterior de hospitalização
· idade da pessoa
· sexo
· nível de escolaridade
· aspectos da personalidade
· capacidade de enfrentamento (coping)
· significado subjetivo da doença (sentimentos de perda, culpa, castigo, ganhos secundários)
· apoio da família
· situação de trabalho
· situação econômica
· status social
· recursos sociais
· instituição procurada e as condições da assistência
· confiança na equipe de saúde
· acolhimento e ambiente físico disponibilizado
· diagnóstico, tipo de doença (aguda ou crônica)
· prognóstico
· sequelas, limitações, incapacidades
· procedimentos invasivos
· tempo de internação

A resposta de um indivíduo à doença varia em função de estar sofrendo de uma enfermidade de curta duração (aguda), ou de longa evolução, tendo como agravante o tipo de tratamento a ser submetido: resolutivo, paliativo, mutilante, ou incapacitante.

O paciente hospitalizado por uma doença aguda pode apresentar diferentes reações estressantes quer precisam ser consideradas no curso de uma hospitalização:

- Ameaça básica à integridade narcísica: onipotência x impotência
- Ansiedade da separação: pessoas, objetos, ambiente estilo de vida
- Medo de estranhos: sua vida nas mãos de outros
- Culpa e medo de retaliação: doença como castigo
- Medo da perda de controle de funções : fala, esfíncter, andar
- Perda de amor e de aprovação: dependência, auto-desvalorização
- Medo da perda de partes ou dano de partes do corpo: mutilação
- Medo da morte e da dor.

Reações de ajustamento e de adaptação são subdividas de acordo com a duração e com os sintomas predominantes.

· Padrão de sintomas:
- Inicialmente preocupações excessivas (com a doença/corpo)
- Ansiedade (falta do diagnóstico, evolução do quadro)
- Posteriormente depressão (aceitação do quadro)

Geralmente os sintomas negativos são transitórios e melhoram com apoio psicológico e boa comunicação e principalmente, cessam com a recuperação clínica e a alta hospitalar.

Alguns pacientes persistem por mais tempo com episódios depressivos reativos e é necessário intervenção psicológica e ainda avaliação medicamentosa.

Os mecanismos de enfrentamento "coping" temos duas divisões:

1 - Pessoas que são orientadas para o problema:
- Buscam informações (médicos, amigos, familiares, auto-ajuda,etc.)
- Buscam reassumir o controle e se envolvem em sua recuperação

2- Pessoas orientadas para a emoção:
- Lidam com as emoções
- Tentam diminuir o impacto provocado pela situação utilizando mecanismos de defesa
- Apresentam mais desesperança, desamparo, depressão e dependência.

No atendimento psicológico busca-se focar:

- A reestruturação cognitiva trabalhando-se as crenças distorcidas que possui sobre a doença e a hospitalização
- Os recursos positivos para enfrentamento
- O reconhecimento do apoio social
- Tornar situações ameaçadoras mais seguras
- Abrir espaço e acolhimento para a expressão de sentimentos
- Facilitar as orientações e explicações sobre procedimentos e evolução clínica

2 comentários:

Nãnny disse...

Um Blog sobre psicologia hospitalar!! UAU!! Adorei!!
Estou colocando um link do seu blog no meu ok?
Espero que não tenha problemas.

Beijos

Unknown disse...

Meu comentário cai diretamente sobre esta questão: "A reestruturação cognitiva trabalhando-se as crenças distorcidas que possui sobre a doença e a hospitalização."
Penso, que há uma complexidade maior acerca da diversidade cultural que não está sendo contemplada nesta questão, as diferentes concepções acerca do corpo, cura e doença estão sendo classificadas como ideias distorcidas. Essa relação não pode se dar de forma dualista, como prega o discurso biomédico, pois não preserva a relação de alteridade indispensável na compreensão do outro.